O município de Cruzaltense produz cerca de 10 milhões de litros de leite por ano. Apesar do numero de produtores estar diminuindo até 15 % por ano nos últimos anos, a produção aumentou no mesmo período. Os dados informados pelo coordenador do escritório regional da Emater, André Gazoni, revelam um fenômeno crescente de exclusão de agricultores da atividade. O que até hoje era uma produção típica da pequena propriedade rural, está se tornando uma atividade que depende de especialização. “Cada produtor tem que ter em média 35 vacas ordenhando, o resultado depende do volume de produção, senão a conta não fecha”, destaca o agricultor Ildo Schmidt que produz leite na comunidade de Nossa Senhora de Lourdes, em Cruzaltense. O Técnico em agropecuária Fábio Demoliner, que é instrutor do SENAR, confirma que para permanecer na atividade o produtor terá que ter pelo menos uma produção de 300 litros de leite por dia. “Com a aplicação na IN 62, a exigência de aumento de qualidade e de volume para viabilizar a coleta, a tendência é reduzir muito o numero de produtores”, avisa Fábio. Ele avalia que a atividade acaba se tornando inviável diante do custo que envolve o deslocamento de um caminhão para coletar pequenas quantidades de leite. “O próprio frete se torna muito caro e o produtor acaba ganhando tão pouco por litro que a produção de leite deixa de ser rentável”, disse. Além disso, as empresas tendem a pagar mais por volume e por qualidade. Isso não significa, entretanto, que os agricultores familiares estão fora da produção de leite.
Busca por qualificação: Para André Gazoni, chefe do escritório municipal da Emater, uma das saídas é a profissionalização; outra é a associação. “Tem que se juntar; o individualismo não leva a nada. Por outro lado, o agricultor precisa definir uma atividade principal na propriedade. Definindo o que quer, o próximo passo é estar disposto a aprender”, afirmou. Coisa que os agricultores que participaram do curso sobre nutrição de gado de leite, oferecido pela prefeitura de Cruzaltense em parceria com a Emater, através do SENAR, já estão fazendo. O técnico Fábio Demoliner destacou que a alimentação é fundamental para baixar custo e melhorar a qualidade da produção. O produtor Ildo Schmidt garante que a atividade é viável. “Conduzindo de maneira correta, tendo um bom manejo, controlando os custos e os investimentos, anotando os resultados e estabelecendo médias de produção, custo e rendimento é possível ganhar dinheiro com o leite”, ensina. Os demais agricultores que fizeram o curso complementam que o produtor de leite precisa analisar os resultados fazendo médias. “Tem meses que fecha no vermelho, mas a gente tem que avaliar o rendimento num período mais longo, porque o leite é sujeito a muitas variáveis, entressafra e outros”, destacam.
Mais incentivos para os produtores: na abertura do curso o prefeito Kely José Longo anunciou novos incentivos para os produtores de leite. Um projeto que foi enviado à Câmara de Vereadores muda o sistema de subsídio para fabricação de silagem oferecido pelo município. Com a mudança, agricultores que tem até 2 hectares plantados para silagem poderão receber até R$ 400 para bancar os custos de produção. “Isso poderá cobrir praticamente 100% dos custos de produção e privilegia os pequenos agricultores, porque quem tem menos área ganharia mais incentivo”, disse o prefeito.
Cruzaltense