Mais de 50 crianças e adolescentes de Cruzaltense se reúnem todas as semanas para um momento de diversão, atividade física, aprendizado de uma nova cultura e integração. São as aulas de capoeira, ministradas pelo professor de Educação Física, de Educação e Cultura Afro e contramestre de capoeira, Maurício Antunes de Oliveira, contratado pelo município através do CRAS- Centro de Referência em Assistência Social da Secretaria de Ação Social e Cidadania. O trabalho é lúdico, a brincadeira encanta o aluno, facilita a aproximação entre todos do grupo e assim Mauricio acredita que a atividade desempenha o real papel da assistência social, que “não é o de formar um capoeirista, e sim um cidadão”. O professor acredita que a capoeira engloba todos os valores civilizatórios. “O trabalho em equipe, a colaboração, o saber ser para o outro, a cooperação. Não se joga capoeira sozinho, é preciso pelo menos duas pessoas no jogo e, assim, o capoeirista aprende a cuidar e respeitar o colega”.
As aulas começam com movimentos básicos que desenvolvem a flexibilidade. Mas como a capoeira é um jogo que pode ser praticado por pessoas de qualquer idade e de qualquer condição física, não existem movimentos padronizados. “A capoeira aceita os limites de cada um e cada jogador vai definindo o seu jeito. Por isso é praticada, inclusive, por quem tem sobrepeso, porque é um jogo que aceita as limitações do corpo”, destaca Maurício. E é exatamente o que se vê nas aulas. Cada aluno faz o movimento, mas não é corrigido para que alcance um padrão. A flexibilidade vem com o tempo e com a prática, mas como cada pessoa é diferente da outra, os movimentos do jogo também vão se definindo conforme as características individuais. Além dos movimentos, os alunos também tem contato com as musicas que são cantadas nas rodas de capoeira e com os instrumentos utilizados na capoeira angola: berimbau, reco-reco, pandeiro, agogô e atabaque. Para a secretária de Ação Social e Cidadania, Rosangela Loureiro da Silva, as aulas de capoeira “permitem que as crianças e os jovens venham para o CRAS não somente para participar de uma atividade física, mas para entrar em contato com outra cultura, com o jogo, os instrumentos e a musica com os quais não estão familiarizados porque não são originais e tradicionais na região”.
O professor considera que o interesse pela capoeira se dá por se tratar de um esporte completo. “É, ao mesmo tempo, uma atividade física, uma luta, uma dança e um jogo e, ainda, traz elementos da cultura e da musica, remetendo aos ritos sociais e de solidariedade entre os escravos brasileiros”. A capoeira é tombada como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO- órgão das Nações Unidas entre os saberes, celebrações e formas de expressões. Hoje é um dos símbolos da identidade brasileira é praticado em mais de 160 países.
Saiba mais sobre a capoeira Angola:
Também chamada de capoeira mãe, o jogo de Angola, é a modalidade de capoeira que mais se aproxima daquela que seria a “capoeira dos escravos”. A Capoeira Angola é muito manhosa e precisa saber jogar, para entrar numa roda. Cheia de preceitos e regras a serem seguidas, chega a parecer mais uma cerimônia ritualística do que um jogo ou uma luta. Seu toque lento e cadenciado, suas ladainhas tristes e sofridas, conseguem fazer qualquer pessoa se apaixonar por esse jogo. A capoeira Angola é a mais antiga forma de jogar capoeira que existe hoje.
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