Luiz Vedovatto, um agricultor familiar com 16 hectares de terra, que financiou R$ 580 mil no banco para pagar em 10 anos, alcançou o primeiro lugar entre mais de 150 produtores integrados de aves da região de Trindade do Sul da empresa JBS. Para chegar a isso, alcançou a conversão de 1,58 quilos de ração para produzir um quilo de frango. Luiz tem um aviário com capacidade para alojar 31 mil frangos e trabalha sozinho na atividade.
Não longe dali, outro agricultor, Vilmar Saccon, tem uma estrutura maior: são quatro aviários com capacidade para alojar 22 mil aves em cada. Conta com o trabalho de dois empregados para cuidar da estrutura e também está entre os cinco produtores com melhor conversão da JBS na mesma região: 1,6 quilos de ração para produzir um quilo de frango. Vilmar, que trabalha há 20 anos com produção de aves, fez um investimento de cerca de R$ 1,6 milhão, mas as construções, os equipamentos e o sistema de produção dos dois agricultores são semelhantes. Os aviários tem um sistema automatizado que regula temperatura, luminosidade, umidade e quantidade de alimento e de água oferecidos para os animais. O segredo para que estejam entre os cinco melhores criadores da empresa é o manejo, o cuidado e o acompanhamento de todo o processo. Tanto Vilmar como Luiz tem assessoramento técnico e foram se profissionalizando com o passar do tempo. Vilmar tem experiência de 20 anos em produção de aves e participa das palestras e eventos técnicos que são oferecidos. Luiz está na atividade há pelos menos dez anos e também garante que o aprendizado e a qualificação são constantes. A empresa integradora oferece assistência técnica. A extensionista da JBS, Aline Binotto acompanha os agricultores e orienta sobre o manejo. “É importante serem observados os diferentes aspectos do manejo durante o ciclo de produção. Os cuidados com a forma e a quantidade em que o alimento é disponibilizado em cada fase e oferecer as condições ideais de temperatura, luminosidade a umidade são fundamentais para atingir os resultados”, afirma. Para os agricultores, a tecnologia é o segredo para se manter na atividade. “Quando o sistema era manual o lucro era de, no máximo, trinta centavos por frango e o trabalho era muito maior”, conta Vilmar.
Apesar da automatização do sistema facilitar o trabalho, a atenção continua sendo diária e permanente. “Obedecer as normas técnicas, ter dedicação, cuidado e levar em conta que estamos lidando com uma coisa viva são fundamentais”, assegura Luiz. Com o trabalho e o resultado de uma boa conversão vem a lucratividade. Descontando o custo de produção os dois agricultores lucram mais de um real por frango vendido. Outro segredo para o sucesso na atividade é o controle financeiro e administrativo. Os agricultores registram os dados financeiros, o custo de produção e as rotinas em planilhas, que servem como base de análise. E as planilhas mostram que a lucratividade triplicou nos últimos anos.
Além do Vilmar e do Luiz, pelo menos mais dez agricultores de Cruzaltense se dedicam à produção de aves, já investiram ou estão investindo em modernos sistemas de produção. Só neste ano, a prefeitura do município fez a terraplanagem para dois novos aviários e outros dois agricultores vão receber o serviço, como forma de incentivo à diversificação das atividades. Estima-se que o investimento municipal seja de R$ 100 mil em cada propriedade. Um dos agricultores beneficiados foi Valdir Marin que está fazendo um grande investimento na propriedade, planejando aumentar os ganhos com a criação de aves. Desativou um aviário com capacidade de 12 mil aves por lote e no lugar está construindo dois novos aviários e passará a alojar 100 mil aves por lote. O investimento passa de R$ 1,6 milhão. O agricultor confirma que só o valor da terraplanagem para instalar as duas estruturas deve chegar próximo a R$ 100mil. É um custo que ele não precisou bancar porque o serviço está sendo feito pelo governo municipal. “A agropecuária é a nossa indústria, o município depende destas atividades e o poder público é parceiro destes agricultores que investem e apostam na produção”, disse o vice-prefeito, Nelson Jones Franklin da Silva. O programa de incentivo integra as secretarias de Obras e Agricultura. Além de fazer a terraplanagem a prefeitura também intermedia a instalação de melhorias, como redes trifásicas de energia elétrica, necessárias para a atividade.
Cruzaltense