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PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR: Um novo olhar sobre a infância, as famílias e o atendimento social.
Distante um quilômetro da casa do pai e 10 km da cidade, a casa onde mora Maria Jaqueline de Oliveira e o marido está praticamente isolada em meio às lavouras. Justamente por isso, o encontro semanal com a visitadora do Programa Primeira Infância Melhor tem um significado especial. É nas duas horas de visita que Maria Jaqueline pode conversar sobre suas inseguranças e esclarecer dúvidas a respeito da maternidade. A visitadora Analice Foletto acompanha Maria desde a gravidez. Aos 20 anos, ela foi mãe do Rafael e do Daniel. Os gêmeos estão com seis meses. Sobre o berço dos meninos, o móbile é de material reciclado e um deles brinca com uma luva sensorial feita por Analice. “Isso é para mostrar às famílias a importância do brincar e de como este ato pode ajudar a reforçar os vínculos entre os pais e as crianças”, ensina. Para Maria Jaqueline, as visitas da Ana são uma forma de aprender. “A Ana ajuda muito, quando não sabe procura pelas informações. Ela ensina, lê o livro, explica as coisas”. O resultado pode ser visto pelo desenvolvimento das crianças. Os meninos nasceram prematuros pesando pouco mais de 1 quilo e meio cada um aos seis meses estão com os indicadores de desenvolvimento normais para a idade. A visita domiciliar prevê a valorização da família, do domicílio e da comunidade enquanto espaços privilegiados para promoção da saúde e do bem-estar. Mais autonomia, maior consciência e, sobretudo, maior autoestima e autovalor, são conquistas importantes, principalmente ao se considerar as condições de vulnerabilidade e risco social deste público-alvo.
Além da Analice, que visita as famílias que moram no interior do município e chega a percorrer 370 km por mês, na cidade de Cruzaltense, a Micheli Avozani faz o mesmo trabalho com outras famílias, depois dela própria ter sido atendida pelas visitadoras, que acompanharam as duas filhas até os cinco anos de idade. Na casa da Juliana Pompermeier, ela atende a família e a Julia, de dois anos, uma vez por semana. “A Julia mostra para a família a importância de parar para brincar. Ela dá carinho e quer carinho, é inteligente, aprende fácil e é muito bom desenvolver materiais para estimular o seu desenvolvimento”, avalia Micheli. As visitas sensibilizam e chamam a atenção sobre o modo como cada membro se coloca em relação à criança. A mãe da Julia considera que como a filha precisa de alguns cuidados especiais por causa de problemas de saúde, “o PIM é muito importante porque proporciona uma atenção diferente, mais individual”. É justamente esta atenção um dos pilares do PIM. De acordo com a fundamentação do programa, as visitadoras possuem disponibilidade para escutar aquilo que atravessa as dinâmicas familiares, ou seja, suas crenças, valores e hábitos e esta postura se fortalece a cada encontro, na medida em que a família elabora suas aprendizagens e apresenta novas interpretações de sua própria realidade e da realidade de suas crianças. Respeito mútuo e acolhida são elementos deste encontro, onde o valor à singularidade de cada um, de cada espaço e lugar, é considerado para a obtenção dos resultados pretendidos.
Quando completam 3 anos, as crianças e as famílias deixam de receber as visitas, mas continuam sendo atendidas uma vez por semana. Neste caso, são as famílias que vão até a sede do PIM para uma tarde de brincadeira e troca de experiências. Davi Furtak tem três anos e meio e está sendo acompanhado desde a gestação. É a tia, Marcia que traz o Davi para os encontros. “Não importa quem está cuidando da criança, se é a mãe, a tia, a avó ou uma babá, o importante é criar vínculos com a criança, é os cuidadores se convencerem que precisam brincar, interagir, dar atenção”, explica Micheli. As famílias que são atendidas pelo PIM passam a avaliar até mesmo os brinquedos de forma diferente. “Quando compram um brinquedo já avaliam o que ele poderá proporcionar, eles passam a noções de desenvolvimento motor, cognitivo e sócio afetivo e isso é enriquecedor para a criança”, avalia Analice.
O Primeira Infância Melhor está estruturado sob o aspecto da integralidade do cuidado, ou seja, é um programa desenvolvido pelas secretarias de Educação, Saúde e Assistência Social em parceria com o governo do estado. No PIM, a concepção de Educação assume um sentido especial, com uma proposta pedagógica que considera a cultura local, a diversidade das crianças, suas características físicas e psicológicas. Uma proposta que contempla princípios que fundamentam a formação da criança para o exercício progressivo de sua autonomia, responsabilidade e solidariedade. No que se refere à Assistência Social, os Visitadores do PIM são parceiros das equipes de proteção social nos atendimentos às famílias, realizando visitas domiciliares em conjunto, grupos de gestantes e de crianças de 0 a 6 anos, além de participar de discussões de casos, reuniões de rede, informações, palestras, capacitações, educação permanente e agendamento de atendimentos e encaminhamentos das famílias atendidas aos programas sociais. No que se refere à saúde, com o objetivo de orientar as famílias, a partir de sua cultura e experiências, para que promovam o desenvolvimento integral de suas crianças desde a gestação até os seis anos de idade, o PIM desenvolve ação transversal de promoção do desenvolvimento na primeira infância e fortalecimento da Atenção Básica em Saúde.
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