Crianças e adolescentes aprendendo sobre como são cobrados os tributos e impostos, como são distribuídos entre a União, o Estado e os municípios e a importância da fiscalização da aplicação dos recursos públicos. Noções de cidadania, como a responsabilidade de todos em combater e evitar o bulling. Conhecimentos que são partilhados com a família, como a importância da pesquisa de preços, planejamento econômico familiar, direitos e deveres do cidadão. Envolvimento com a sociedade e as famílias e aplicação do conhecimento na prática.
Estes são alguns dos resultados alcançados com a disciplina de Educação Fiscal, que faz parte do currículo das duas escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental de Cruzaltense. A disciplina está a cargo da professora Silvana Bampi, que dedica metade dos 15 períodos de aula semanais para o tema. Assim, as escolas conseguem fazer chegar conteúdos diferenciados, a partir do conteúdo programático às oito turmas incluídas no projeto. “A maioria dos pais dos nossos alunos são agricultores e por isso procuramos fazer o conteúdo trabalhado em sala de aula chegar até eles”, diz a professora. Um exemplo de aulas práticas e que produzem reflexos nas famílias são as pesquisas realizadas sobre onde os pais entregam a produção e onde compram os produtos agrícolas. “Entendemos que ao vender e comprar no município todos saem ganhando com o retorno dos impostos. Fiscalizar, compreender, parecia uma coisa muito distante. Agora sabemos mais sobre o nosso papel na sociedade”, analisa Liandra Scolari, aluna do 6ºano. “Isso os aproxima da realidade. Eles vão pesquisar, vão ver quando é o percentual de imposto sobre cada produto”, informa a diretora da Escola Mario Quintana, Marli Cechet. Isso também causou surpresa entre os alunos. “Antes, a gente nem sabia que na nota constava a informação do valor do importo sobre o que é comprado”, acrescenta Laís Bampi, aluna do 9º ano.
O conteúdo é trabalhado de acordo com a faixa etária. Os alunos do 9º ano, por exemplo, assistiram à sessão da Câmara de Vereadores que votou o Orçamento para o município. “Conseguimos compreender que o valor total é distribuído em vários setores, passamos a ter mais consciência de quanto é arrecadado e o quanto pode ser exigido. Toda a população deveria saber quanto é o orçamento e como ele é distribuído. A maioria das pessoas não tem esta noção”, avalia Laís.
Para despertar este interesse dos alunos, as aulas não são convencionais. Além das pesquisas que eles realizam com os pais e no comércio da cidade, a escola promove dinâmicas diferentes: incentiva os alunos a desenvolver paródias, selecionar musicas sobre cidadania, fazer redações e teatro. Nesta semana, todas as apresentações preparadas para a Semana da Escola tiveram a Educação Fiscal como motivador. “Tu vê o teu papel como cidadão de outra forma. E as aulas são diferentes, a gente aprende diferente”, diz Laís, que teve participação na elaboração de uma coreografia para uma musica que fala sobre a forma como as pessoas são condicionadas pela sociedade e a necessidade de despertar para a consciência cidadã.
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